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  Dirigia pela estrada algumas horas antes do pôr-do-Sol quando senti o carro trepidar pela estrada, encostei e desci para então perceber que o pneu havia furado. Olhei a minha volta e me percebi sozinha. Ninguém. Entrei no carro e peguei o celular, estava sem sinal. Recostei a cabeça no banco tomando coragem para trocar o pneu e instantes após recostar a vi se aproximar na velocidade da brisa fresca que soprava contra o vidro do meu para-brisas. Ela veio sorrindo. Nada me disse, mas eu já sabia tudo. Saí do carro e segurei suas mãos, tão fortes e ainda assim delicadas. Ela era como a jabuticaba mais vistosa da árvore. Tinha cabelos que mais lhe coroavam que adornavam ao alto da cabeça e com todas as formas confusas, mas tão verdadeiras que não saberia descrever. Envolveu-me numa dança que só havia música aos nossos ouvidos. Dançamos e de duas formamos uma. E a dança que pareceu durar a eternidade, de repente cessou. Ela beijou-me e partiu. Partiu tão suave quanto veio e eu fiquei ali, sem saber se era verdade ou não, mas certa de que passaria ali todos os dias na espera de vê-la outra vez.  
Esse post é um misto de desabafo com agradecimento. É um desabafo porque pra agradecer, preciso dizer o por que, e aí entra o desabafo. Sei que com isso, me exponho, mas faz-se necessário e me exponho porque muitas das coisas do desabafo já não me incomodam mais.
 Comecei a me sentir uma aberração quando eu tinha sete anos e passei pra alfabetização. Antes disso eu era bem feliz e leve. Eu corria sem blusa, meus cachos ficavam soltos quando eu queria, ninguém me dizia que tinha coisa de menino e menina. Eu era criança. Aí veio a série de aprender a ler e eu achei que seria o máximo. Mas não foi tão legal assim. Eu não tinha amigos. As meninas me sacaneavam porque eu não era feminina, os meninos me sacaneavam porque eu não era feminina. Eu nem sabia o que significava, mas era sapatão. E eu pensava, meu pé é grande, mas e por que isso me desqualifica? Eu tinha boas notas, fazia todas as atividades, não tive dificuldade em aprender a ler, amava escrever, mas ainda assim não era capacitada pra ter amigos. Eu era estranha. Nas séries seguintes não foi diferente, quando eu acertava uma pergunta, os meninos gritavam "perfect!" e não era um elogio, era uma forma de reafirmar pra turma que eu não era legal, porque ao ouvirem isso, muitas piadas surgiam então eu sabia que não me achavam legal por saber responder. 
 E com esses anos passando, eu não desenvolvi o menor interesse em meninos, meninas ou roupas fofinhas e "de menina". Eu gostava de  brincar com meus brinquedos, de desenhar, escrever, de fazer coleções de livros, massa de modelar, casacos, cd's. Eu gostava de apostar corrida de bicicleta e de jogar vídeo game. E eu cresci, e eu continuei assim, sendo dese jeito. Ora me sentia menino, ora me sentia menina, e achava estranho, e tinha vergonha de compartilhar. Os abusos sexuais que sofri só me fecharam mais e me deixaram ainda mais transitória entre esses gêneros. Não queria roupas muito femininas, nem nada muito masculino. Se fosse básico eu usava. Assim eu cheguei no fundamental II e percebi que ser assim não era permitido, então eu arrumava o cabelo, porque assim eu parecia uma menina e as pessoas me importunavam menos. Mas não foi o suficiente, porque alguém disse eu realmente não sei quem, que o fundamental II é a época em que as pessoas tem que ficar com outras pessoas - mas só do sexo oposto.
 Vi dois colegas gays ficarem com garotas pra não sofrerem zoação, vi que os meninos continuavam me achando estranha e as meninas me cobravam alguma postura perante os meninos. Fingi paixonites. Disse que tinha me apaixonada, mas que havia passado, assim, ninguém me perturbava. Houve um tempo em que realmente me apaixonei, mas foi por uma colega do judô, bem mais velha que eu. Aquela velha história da pessoa X que se apaixona por seu vizinho Y e que eles têm alguma atividade em comum, mas esse um nunca consegue nada e nem se declara, e foi oque rolou. 
 Eu continuei me desenvolvendo e me percebendo diferente e sendo diminuída por isso. Me sinto um nada na faculdade, em casa... Não sou vaidosa da forma certa, não valorizo "a minha beleza", não uso roupas que mostrem que sou mulher... As pessoas querem coisas binárias e não alguém como eu. Mas aí entra a parte em que agradeço.
 agradeço por ter conhecido a minha namorada que me ama da forma como sou e nunca exige essas coisas que não sei ser de mim. E agradeço a um grupo que criei pra discussão e que me mostrou tanta coisa. Foi graças a ele que aprendi não faz muito tempo que sou do grupo de "gênero fluido", e que isso não faz de mim uma aberração. Tenho aprendido muito com pessoas que nunca imaginei aprender. E assim, eu me amo um pouquinho, já que fui ensinada a não gostar de nada no meu corpo, porque ele é estranho e feio. Aprendi a me amar mais um pouquinho por não ser binária e isso não me torna o monstro do lago Ness. Então, muito obrigada pessoinhas lindas do Transcendental.
 Há momentos em que pedimos por um pouco de tranquilidade. Sabe, ficar um pouco sozinhos pra poder pensar e por as coisas no lugar, mas e quando mesmo rodeada de pessoas a todo tempo, nos sentimos sozinhos, estranhos, sem ter para onde ir? Aquela vontade de fugir de tudo, se isolar e evoluir dentro de si. Mas aí você vê que não não pode, não deve, pois, ninguém evolui em sua própria bolha. 
 De verdade, nem sei o que me levou a escrever isso aqui. Sei apenas que meu sono vai se esvaindo, as horas passando o dia chegando, e mesmo que eu durma, parece que estou sempre acordada.  Doces e mais doces pra manter o ritmo. Vivendo no modo automático. Sem expressões. É. Apática. E se alguém me pergunta o que tenho, não sei responder. E se me perguntam se tenho pensamento ruins nesse período, afirmo de toda verdade: Não. Penso em coisas boas, faço planos, tenho cada vez mais criatividade... Quem sabe estou apensa voltando ao dark side of me. Será?

Sim, alguns bichos apresentam um comportamento homossexual, eventualmente. Vale ressaltar que comportamento é diferente de orientação sexual, como acontece com os humanos. A justificativa para as relações homossexuais(ou bissexuais) no mundo animal varia caso a caso porque, na natureza, nem todo comportamento sexual tem finalidade reprodutiva. Por isso, o tema é polêmico e não há um consenso a respeito na comunidade científica.


Texto na íntegra

Capítulo 2 – Matei o papai.

Ao adentrarem o cômodo a jovem observou que o lugar era um tanto sofisticado e observou durante a subida que não havia câmeras no local. Perguntou-se em quanto tempo o cianureto demoraria até fazer efeito e então decidiu que aquilo não era questão de tempo e sim do prazer e da satisfação que ela sentiria.
Ofereceu-se para por o vinho para ambos enquanto ele tomava uma ducha; esperou que Aoiki entrasse no banheiro e assim foi para a sacada observar a vista, instantes depois o homem aproximou-se dela trajando apenas um roupão branco.
- Onde está o vinho? –Falava ao pé do ouvido dela num tom um tanto sedutor.
- Estava esperando você sair para servir-nos. – Sorriu no seu melhor disfarce de mulher sedutora.
- Eu já estou aqui.
- Vou nos servir então. – Ayra caminhou até a bancada onde havia deixado o vinho e abriu-o sem muita dificuldade. Colocou o líquido nas taças e na que continha menor quantidade colocou o cianureto.
Voltou-se para seu anfitrião e ofereceu-lhe a taça batizada, ele pegou e sorveu um grande gole do conteúdo.
- Vinho maravilhoso não acha? – Só então a morena com um sorriso um tanto misterioso nos lábios tomou parte do conteúdo contido em sua taça.
- Concordo o vinho é de excelente qualidade.
Terminaram de tomar a garrafa de vinho, sendo que o homem havia tomado o cianureto inteiro na primeira taça de vinho. Sentou-se na cama e chamou Ayra para sentar-se ao lado.
- Não quer vir?
- Não. Estou bem de pé. Enxergo melhor à distância dependendo do que vá ser visto. – Aoiki olhou-a com um olhar confuso.
- O que disse?
- Disse que gosto de ver espetáculos à distância. Espetáculos como esse no caso.
- Continuo sem entender Ayra. E não gosto do tom em que sua voz se encontra. – Ela sorriu, de forma maligna novamente.
- Como se sentiu matando eles?
- Eles quem?
- Eles. O comandante da marinha e sua esposa.
- Como sabe dessas coisas?
- Ah, eu estudo oras.
- Estuda? – O mafioso levantou-se. – Prostitutas não estudam, fazem sexo.
- Concordo com sua teoria, mas não sou uma prostituta, seu velho. – A jovem caminhou até o bar e pegou uma dose de vodka e sorveu-a num único gole.
- Não é? Mas eu pedi uma... Você é da polícia?
- Não... – Falou num tom manso
- Você é...
- Duvido muito que adivinhe, mas eu conto mesmo eu odiando estragar surpresas. – Sim, ela estava sendo sínica ao extremo.
- Odeio surpresas.
- Não seja chato Aoiki...
- Me chame de chefe.
- Pára de me interromper. Chefe. – Enfatizou na última palavra sorrindo ao fim. – Mas sim, eu vim aqui pra matar você. – Sorriu como uma criança que acabara de ganhar um brinquedo novo.
- Me matar? – Ayra serviu-se de mais vodka.
- Uhum.
- Você é realmente inexperiente. Isso é algo que se faça quando a pessoa menos se espera. Minha jovem, você tem muito a aprender sobre a arte de matar...
- Você usou cianureto para matá-los. Certo?
- Eles quem?
- O comandante e a esposa dele.
- Sim usei, e foi um desperdício matá-la. Ela era linda e tinha olhos acinzentados como... – A morena aproximou-se.
- Os meus? – O homem deu um salto e ficou a olhá-la
- Você é...
-Sim, filha do Comandante Takaki Yudi e da esposa dele. A mulher linda como citou, Sora. E agora você morrerá do mesmo modo como eles morreram, mas desculpa, não resistirei em usar alguns métodos meus pra te levar a óbito.
- Não seja tola, não beberia cianureto e você não irá me forçar a isso.
- Não forcei.
- Não forçou?
- Não, você até disse que ele estava ótimo... Com o vinho.
- Sua... Filha de uma puta desgraçada! – O poderoso chefão só agora percebera a situação e ficara um tanto agitado.
- Pode me chamar do que quiser, eu ganhei. – Disse fria e atenta ao copo que segurava entre as duas mãos.
- Não existem ganhadores ou perdedores nesse nosso jogo. Eu posso até morrer, mas mando alguém pior no meu lugar.
- Quem seria? O demônio em pessoa? – Riu-se do que acabara de dizer, levantando-se, começou a limpar as impressões digitais dos lugares onde havia tocado.
- Tenho herdeiros que continuarão meu legado. – Agora o assassino já estava mais calmo, quem sabe já acostumado com a idéia da morte.
- Herdeiros... Nem sempre puxam aos pais sabia? Meu pai era oficial da marinha e olha no que me transformei... Eu mato pessoas como você tio.
- Não me chame assim, não tenho consideração a você. – É... Parentes, quem diria não?
- Ora vejam só, a sobrinha matou o titio da máfia. Sabe... Daria uma boa manchete, mas não posso me envolver em escândalos, tenho uma imagem a zelar e um irmão pra criar.
- Você tem um irmão?
- Tenho. Eron é um bom menino, não quero que ele se torne um kira sabe... Mas se for a vontade dele não o impedirei. O sangue puxa. – sorriu ainda de costas pro senhor.
- Eu poderia matá-la agora mesmo.
- Mas não vai. Não vou perder pra você justo na hora da vingança. – virou-se – Você matou os meus pais e tudo por ciúmes. Seu velho porco, não pôde ver seu irmão com uma mulher que jamais seria sua não é mesmo? Minha mãe jamais teria algo com um homem feito você.
- Mas é claro que ela teve. A quem você acha que puxou meu bem? Seu pai era um lerdo querida, ele não mataria uma mosca. Sua mãe era um anjo que eu amei mais que a mim mesmo. E você? – levantou-se e caminhou pra perto da morena que agora estava estática. – Você e Eron são frutos do meu amor por sua mãe e o dela por mim. Parece que você não sabe a história em versão inteira não é mesmo?
- Você não é meu pai seu desgraçado! Meu pai era um homem bom, ele sim, o comandante, ele sim era meu pai.
- Impossível. Ele era estéril e só soube isso no dia da morte dele. Era um dia chuvoso, sua mãe me ligou aflita e disse que o Yudi havia descoberto sobre nós. Ele veio atrás de mim e eu não hesitei, coloquei cianureto no vinho dele, sua mãe não queria deixá-lo e matou-se.
- Se ela te amava porque morreu com meu pai? – Agora a bela assassina sentia-se desnorteada
- Ela o amava, mas a cada vez que se sentia deprimida por não poder ter filhos com o Yudi, vinha se consolar comigo. Ela não me amou só via em mim uma válvula de escape. Eu a amei mais que tudo. Daria o mundo a ela, mas ela se via segura nos braços de seu pai e eu não admitia isso, então não hesitei e o matei lentamente passando na cara dele cada detalhe das noites que passei com sua mãe. E você?  Tem os olhos dela, assim como o Eron. Mas sei que seu pai não podia engravidar mulher alguma. Vingue-se do que quiser, mas esse velho que está a sua frente é seu pai.
A morena foi caminhando até a sacada e respirou fundo, andou pelo quarto enquanto o homem apenas a olhava.
- Sabe Aoiki, você nunca será meu pai. Meu comandante, é, foi e sempre será meu herói e minha referência de pai. Era ele quem me ninava, era ele quem me abraçava nas noites em que eu sentia medo das tempestades e não você. Nunca amarei você, porque por mais errada que minha mãe fosse ela me deu o melhor homem do mundo e você o tirou de mim e do Eron. Meu irmão nunca saberá sobre você. Não como pai dele. Ele vai ser o que sempre sonhou, marinheiro como o pai dele. E não sinto remorso algum ao te matar, e agora que sei de tudo, só sinto mais nojo de você. A única coisa de útil que você fez, foi fazer a mim e a meu irmão, e não importa o que você diga, não hesitarei como você não hesitou. Se eu puxei a você no instinto assassino então agora se orgulhe de mim. Papai. – A moça sacou a arma e instalou o silenciador, olhou para o homem mais uma vez e não pensou duas vezes. Atirou no peito do mesmo e enquanto esse agonizava a killer guardou a arma e saiu do quarto calmamente. Antes de fechar a porta virou-se e olhou o que tinha feito, sorriu e fechou a porta usando o vestido pra não deixar digitais. - Adeus, paizinho.
A morena saiu do hotel com a mesma calma que havia chegado, entrou no carro e dirigiu pela cidade a toda velocidade, chegando em casa e rasgou cada peça de roupa que usava, tomou um banho gelado e averiguou as horas, viu que era tarde e mesmo assim ligou pro mordomo.
- Giulius...
-Sim princesinha...
-Nossa tanto tempo que não me chama assim... – sorriu doce ao lembrar a infância.
- Não gosta Ayra?
- Claro que gosto, lembro dos tempos bons... Mas não liguei pra isso. Onde está meu pequeno?
- Dormindo. Ele demorou a dormir essa noite. Teve muitos pesadelos, aí eu dei um chá pra ele e fiquei ao lado dele até que ele dormiu.
- Vocês já podem voltar depois de amanhã.  Tenho novidades Giulius.
- Pode falar pelo telefone?
- Sabe que gosto de conversar pessoalmente com você.
- Está bem princesinha, tenha uma boa noite, durma bem e não esqueça que amo você.
- Idem tiozinho. – A morena desligou o telefone sorrindo.
Verificou a casa inteira e voltou pro quarto, vestiu uma calça cinza meio folgada e um blusão branco com uma estampa do Pateta na frente, jogou-se na cama e cobriu-se, instantes depois a morena dormia como um anjo. Tá, o anjo foi exagero, mas ela dormia como tal.
Durante a madrugada ouviu-se um barulho no andar inferior da casa. Ayra levantou instantaneamente com uma arma em mãos e desceu as escadas sorrateiramente, pensou consigo que talvez já soubessem da morte do chefe da máfia e que por isso alguém estivesse dentro de casa, ouviu que o barulho vinha da cozinha e foi até lá.
Pra sua surpresa ao chegar lá viu um gato preto sobre a mesa, sorriu e guardou a arma na cintura, pegou o gato e o acariciou ouvindo o mesmo ronronar.
- Que fofo você gatinho... Como conseguiu entrar hum? Devo ter deixado uma janela aberta, obrigada por avisar coisa linda. – caminhou ainda com o gato nos braços até a pequena janela da cozinha e fechou-a. – Tá com fome gatinho? Claro que tá né? – É, até os mais frios assassinos derretem-se com gatinhos pretos fofos.
A jovem dirigiu-se até a geladeira e de lá tirou uma garrafa de leite. Esquentou certa quantidade e serviu um pouco pra ela e um pouco pro gato que rapidamente terminou de tomar.
- Tava com fome hein?! Será que você tem dono? Claro que tem! Eu! Vou cuidar de você agora. Você agora é o meu Mr. Snake.
Pegou o gatinho nos braços e subiu as escadas com o mesmo. Entrou no quarto e trancou a porta. Costume de infância. Colocou o felino sobre o tapete enquanto pegava uma almofada pra ele, colocou a almofada no chão e colocou o animalzinho sobre a mesma.
Voltou pra cama e dormiu tranquilamente, naquela noite o mundo parecia mais leve. Levantou ao som do despertador, tentou enrolar um pouco na cama, mas preferiu aproveitar o dia e sair pra correr.
Tomou um banho gelado e vestiu uma roupa leve. Calça de malha, top colado e um blusão por cima, calçou os tênis, ligou o mp4 e pegou uma garrafinha com água. Saiu pra correr sem tomar café da manhã. Ela preferia assim.
Correu por um bom tempo, uns cinco quarteirões, voltou pra casa e subiu rapidamente pro quarto. Sua rua nunca acontecia nada de curioso ou interessante, portanto sua corrida foi bem tranqüila.
Só as mesmas coisas de sempre, carros que buzinam ao vê-la passar, homens que não perdem a oportunidade de dar em cima, coisas assim. Já dentro do quarto despiu-se e foi pro banheiro.
Parou frente ao espelho e ficou alguns instantes olhando-se, passou a mão sobre o próprio corpo e sorriu de canto falando consigo mesma.
- Não nasci pra seduzir. – Soltou os cabelos e entrou no Box.
Ficou por alguns minutos sentindo a água gelada cair sobre a cabeça, ensaboou-se e um tempo depois saiu do banho. Vestiu uma calça jeans de cor clara e como de costume um tênis, vestiu uma camiseta de mangas curtas e de cor branca, colocou um casaco da mesma cor da camiseta e arrumou os cabelos.
Colocou alguns chicletes em um dos bolsos e desceu pra tomar café da manhã. Enquanto comia sua fatia de ricota e bebia o café preto e amargo, ligou a TV como de costume e comia enquanto via o noticiário, como esperado todos os jornais mostravam o mesmo.
A morte do chefe da máfia. A morena prestou bastante atenção no que passava na TV, pois aquilo era crucial pra sua liberdade. Como esperado, nenhuma pista sobre o assassino e como toda a polícia japonesa desejava a prisão ou morte do mafioso, em pouco tempo as buscas cessariam por falta de provas e porque assim o país estava livre de mais um bandido.
Ayra sorriu satisfeita, desligou a TV e lavou a louça do café. Trancou-se no escritório e ficou lá por bastante tempo. Recordava-se da infância e de seus pais, balançou a cabeça negativamente pra afastar os pensamentos e resolveu que iria dar uma volta pelo parque.
Enquanto pegava as chaves mudou de idéia e sentou-se no sofá. Ligou a TV num canal de desenhos, tirou os sapatos ficando apenas de meias e deitou-se no móvel. Acabou adormecendo ali mesmo e só acordou com o som um tanto irritante do celular.
- Que é... – Atendeu um tanto sonolenta.
- Killer? – Uma voz feminina e um tanto sedutora falava ao outro lado da linha.
- Sim. – Agora a jovem assassina estava um tanto desperta.
- Gostaria de dar-lhe os parabéns pela morte do meu esposo. Mas saiba que agora eu estou no comando e que sou pior que ele. Ele te poupou esses anos todos por ser seu pai, mas eu não tenho nenhum grau de parentesco com você e vingarei a morte dele.
- Ah, oi madrasta. Como vai? Eu vou bem. Obrigada pelos parabéns e olha que engraçado... Perguntei a ele antes da morte quem o substituiria, se seria um filho ou o próprio demônio. Não é que o demônio que assumiu?! – Já pela manhã sendo tão sínica, ela não é fofa?!
- Não seja sínica, e ainda bem que sabe que farei da sua vida um inferno.
- Sabia que o inferno é apenas um ponto de vista? O meu céu pode ser seu inferno. E eu acho que te convidarei pra morar no meu céu ou seu inferno se preferir. Agora, preciso voltar a dormir, fico mal-humorada quando não durmo direito. Tchau madrasta, se cuida e cuidado com a morte hein?!
Não, ela não sentia medo. A ela tanto fazia se estivesse viva ou morta. Ela só estava vivendo cada dia normalmente, então não ligou muito e não era a primeira vez que era ameaçada de morte. Apenas precaveu-se e ligou pro mordomo.
- Giulius?
- Sim princesinha...
- Mudança de planos. Lembra das férias pro Havaí que o Eron tanto queria?
-Sim, sei.
- Ótimo. Elas foram antecipadas, mandarei a bagagem pro hotel, farei as reservas e comprarei as passagens. Você tira as passagens no aeroporto. Diga pro Eron que é um presente de aniversário e que assim que der eu irei vê-lo.
- Sim sim, mas o que houve? – O mordomo falava num tom preocupado
- Matei o Aoiki, o chefe da máfia. A esposa dele quer me atingir, mas sabe que só fará isso atingindo vocês. Então vocês viajarão por uns tempos, até que ela desista ou eu a mate. Acho que matarei ela. – A jovem falava calmamente enquanto calçava os sapatos.
- Ficará bem minha menina?
- Se vocês estiverem, eu ficarei.
- Mas matará mesmo a viúva?
- Ah, ela não vai sossegar, é o jeito, mas fica tranqüilo, não vou me machucar.
- Certo. Faça tudo como te ensinei.
- Claro titio! – sorriu ao fim da frase desligando o telefone.
Sim, o mordomo um dia fora o maior matador de todo o Japão e aposentou-se e passou a ser o mordomo da família do comandante. Após a morte do patrão passou a tomar conta das crianças e ensinou tudo o que sabia a primogênita. Ayra. A menina aprendeu tudo com dedicação e desde então tem sido a melhor.
Agora era a hora de ela mostrar que tinha aprendido perfeitamente como se defender e defender a quem ama. Comprou as passagens pela internet e procurou um hotel que fosse cinco estrelas. Fez as reservas e enviou a bagagem.
Enviou um sms pro mordomo avisando-o dos horários e só então foi preparar-se pra guerra. Desceu ao porão e preparou as armas, bolou estratégias e arrumou o carro pra qualquer problema que pudesse haver.
Subiu pra casa novamente e ligou a TV.
- Ela que venha contra mim. Já matei o grandão, agora o que vier é lucro.
Foi até o escritório e pegou o notebook, sentou-se no sofá com o aparelho no colo, resolveu pesquisar sobre a mulher e descobriu que ela era da realeza e que havia largado tudo pra viver ao lado do mafioso.
Pesquisou também sobre venenos que não deixam rastros e sobre algumas armas novas e mais silenciosas; enquanto pesquisava o celular tocou novamente.
- Alô.
- Killer?
- Sim. Quem é? – Agora a voz era rouca e masculina.
- Seu novo serviço.
- Certo. Diga o nome, o local, a hora e quando recebo e quanto recebo.
- Pagamento na sua porta amanhã. O mesmo valor dos trabalhos simples. Você matará mais um corrupto. Ele estará correndo a dois quarteirões do parque municipal.
- Hum, entendo. Como ele é?
- Velho, alto, usa óculos, geralmente corre com um casaco cinza e é dono de um akita branco.
- Adoro akitas, são belos cães.
- Sim são. Morte pra hoje à tarde.
- A que horas ele costuma correr?
- Às quinze e trinta.
- Certo. Considere-o morto.
A ligação foi encerrada e a killer foi preparar-se pro próximo trabalho. Olhou a localização do parque e os pontos altos de onde poderia esconder-se. Encontrou um sobrado com um terraço amplo e de boa localização.
Fechou o notebook e foi se preparar. Caminhou calmamente até o porão e no caminho foi pensando.
- Será que eu uso armas grandes ou pequenas? Ah, uma de longa distância com certeza... Logo armas de médio porte. Hum, até que to ficando boa nisso. – Sorriu de canto enquanto preparava o armamento. Colocou as armas escolhidas desmontadas e dentro de uma mala como de costume. Colocou-as no porta-malas e as camuflou novamente.
Saiu com o porsh da garagem, como de costume foi vestir-se, dessa vez com mais simplicidade. Uma calça jeans um pouco justa, uma camiseta nadador branca com uma estampa da morte na frente e um casaco preto por cima, calçou seu all star e as velhas luvas de dedos descobertos.
Trancou a casa e entrou no carro; como de costume colocou um chiclete entre os lábios e os óculos escuros. Dirigiu calmamente pela cidade e chegou ao local escolhido pouco tempo depois. Estacionou o veículo do lado de fora do prédio, adentrou o local com a mala nas mãos.
Como de costume subiu ao terraço e observou a volta. Não havia câmeras, então olhou as horas e começou a armar o equipamento. Verificou as horas mais uma vez e viu que o horário chegara, posicionou-se perante a sacada do terraço e ficou observando pela mira da arma; colocou os fones nos ouvidos e começou a escutar uma música conhecida que a deixava elétrica.
Filth in the beauty. Agitava-se ao ritmo da música e via que seu alvo também corria ao ritmo da mesma. No momento certo, disparou o gatilho e sorriu vendo-o cair. Saiu rapidamente do local, desmontou tudo e voltou ao carro com a calma rotineira.
Colocou seu equipamento dentro da mala e camuflou o mesmo, não notou ser observada, então saiu do local tranquilamente. Dirigiu rápido até que chegou em casa, dirigiu-se a seu quarto, tirou as roupas, tomou um banho e vestiu algo mais leve. Voltou à sala e viu um ser sentado em seu sofá.
Continua...

N.A.: Não garanto postar com tanta frequência, but... Prometo terminar isso aqui.


Capítulo 1 – Segredos Revelados.

Era manhã de sábado em Osaka e em uma rua sem movimento no centro da cidade mais um pacote do correio chegava à casa de número sete, era o endereço de Takaki Ayra, a melhor atiradora de Osaka, quem sabe até do Japão.
Ela recebera mais uma encomenda, não era incomum que recebesse a forma como seus alvos morreriam, mas sua especialidade eram os tiros sejam eles do que fossem. Como de costume Ayra fez sua higiene matinal, vestiu uma roupa bem leve e simples já que pra essa morte precisaria de armamento pesado.
A morena trajava uma calça jeans clara com pequenos rasgos na perna, uma blusa preta com estampa de caveira, um sobretudo preto e calçava uma basqueteira preta e gasta, nas mãos usava uma espécie de luva que não cobria os dedos e a lapela de seu sobretudo era colocada pra cima.
Ayra tinha uma beleza estonteante, uma beleza que se nota a quilômetros de distância; ela tinha cabelos negros como uma noite sem lua e olhos meio acinzentados que dava um ar de mistério, a bela morena tinha cabelos longos e repicados, com uma franja que cobria quase que inteiramente os olhos; tinha lábios carnudos bem desenhados de cor vermelho sangue que dava um ar de sensualidade mortal.
Ela tinha um irmãozinho e um mordomo que era fiel a ela, pois a conhecia desde pequena.  Ayra mantinha seu irmão em um colégio interno e o via apenas aos fins de semana, portanto não tinha com o que se preocupar.
Colocou todo seu armamento dentro de uma maleta executiva e alguns apetrechos numa mochila, saiu de casa transbordando tranqüilidade, dirigiu-se a garagem e entrou em seu carro de luxo, é ela tinha um Porsh que usava apenas pra trabalhar.
Entrou no carro pôs os óculos escuros e abriu uma embalagem com um doce já conhecido: chiclete. Começou a mascá-lo, deu partida no carro e fechou os vidros e partiu em direção ao centro da cidade pra mais um dia de trabalho, dessa vez ela tinha que matar político que havia desviado muito dinheiro do governo.
Estacionou com o carro num edifício alto e de boa localização, montou o equipamento no terraço e mirou pra multidão que brincava num parque qualquer, procurou entre a multidão o alvo e sem tirar os óculos escuros mirou num homem que dava comida aos pombos, ajustou o calibre da arma de grande porte e atirou no lado esquerdo do peito do homem que caiu em seguida.
Desmontou seu equipamento ignorando as pessoas correndo pra ajudar o homem caído, desceu pro estacionamento e colocou seus instrumentos de trabalho no porta-malas, e deu partida no carro indo pra casa pra trocar de veículo. Entrou na garagem que ficava no subsolo da casa e deixou o carro tirando as luvas e o sobretudo, colocando um casaco simples por cima da camiseta.
Subiu pro térreo e avisou ao mordomo que estava indo buscar o irmão pra passar o fim de semana com eles. Saiu com um carro mais simples, preto. Parou diante de uma construção grandiosa e repleta de crianças, desligou os motores e foi em direção ao portão.
- Bom dia irmã Jasmine, eu vim buscar o Eron pra passar o fim de semana comigo.
-Sim filha, vou mandar chamá-lo. – Não demorou muito até que o pequeno Eron aparecesse. Eron se parecia muito com a Ayra, tinha os cabelos negros e os olhos acinzentados como os da irmã; tinha a pele alva e não era muito alto afinal tinha apenas oito anos.
 O menino correu em direção à irmã que o aguardava de braços abertos, se abraçaram de forma carinhosa e demorada até que o menino interrompeu.
- Ayra, você demorou. Achei que não viesse mais me ver.
- Deixar de ver você meu pequeno? Claro que não, é que sua mana teve que ir ao trabalho hoje de manhã, por isso eu me atrasei.
- Tá bom então, mas só perdôo se você me der chocolate e marshmellow.
- Assim você vai me levar à falência. – A mais velha sorria enquanto conversava com o irmão. – Então tá, eu pago chocolate e marshmellow, mas só se você dividir comigo.
- Tá, eu divido. – Os dois caminharam animados até o carro, Ayra colocou as malas do irmão no porta-malas e entrou no carro.
- Eron coloca o cinto.
- Tá. – Deu partida no carro e foi numa velocidade razoável pra casa, ao chegarem o mordomo os esperava com uma mesa de lanches.
- Eron, que bom vê-lo outra vez meu rapaz.
- Giulius, eu cresci dois centímetros! Daqui a pouco tempo vou ser do tamanho da Ayra.
- Certamente estará... Fiz uns lanches pra vocês.
- Tem marshmellow?
- Não, mas tem torta de chocolate com recheio de marshmellow. Serve?
- Claro!
- Eron, sobe pro seu quarto e toma um banho, assim que terminar de tomar banho desce pra gente comer tá?! – Ayra subia as escadas em direção ao quarto, pouco tempo depois seu irmão a seguiu entrando em um quarto em frente ao dela. O mordomo subiu até o quarto da morena.
- Trabalho difícil?
- Não, mas estou pensando em tirar umas férias com o Eron. Pode ter alguém nos vigiando e eu não quero que meu irmão fique na mira desses desgraçados. Nesse fim de semana iremos pras montanhas. Arrume suas malas e as do Eron, vamos partir daqui à uma hora.
- Como queira senhora, quando voltaremos?
- Terça pela manhã.
- E a escola de seu irmão?
- Um dia sem aula não mata ninguém Giulius. – A morena não era de muitas palavras e o mordomo não se importava com esse jeito dela.
- Estou indo arrumar as coisas. – O senhor saiu do quarto da assassina e entrou no quarto do menor pegando uma mochila e arrumando algumas peças de roupas, enquanto arrumava o menino saiu do banho já com uma roupa mais leve. – Se quiser pegar brinquedos ou jogos os arrume em outra mochila e coloca lá em baixo no pé da escada que eu vou arrumar o carro. – O senhor de cabelos já grisalhos ia saindo do quarto com a mochila nas mãos quando o menor o chamou.
- Pra onde vamos?
- Pras montanhas.
- Por quê?
- Ayra decidiu isso.
- Por quê?
- Pergunte pra ela oras! Não demore, eu estarei lá em baixo colocando os lanches e sacolas no carro. – o mordomo desceu as escadas e o menino entrou no quarto da irmã.
- Ayra, porque vamos pras montanhas?
- Eu gosto de lá.
- Lá não tem nada!
- Justamente. Mas se o seu problema for o vídeo game fique despreocupado porque eu comprei um novinho e ele está no carro.
- Tá, se é assim então vamos, mas quando voltaremos?
- Terça.
- E minha escola?
- Um dia não mata ninguém.
- Mas a irmã Jasmine vai reclamar comigo.
- Não pequeno, ela reclamará comigo. Mas fique tranquilo que eu converso com ela e tudo dará certo. Agora desce e me espera no carro. – O moreninho desceu deixando a irmã sozinha no quarto, ela colocou algumas peças de roupa numa mochila, pegou o notebook e uma mini pistola. – Nunca se sabe o que eu posso encontrar por lá. – Pegou dois pentes de balas e escondeu no fundo da mochila junto com a arma e desceu as escadas. – Tudo pronto Giulius?
- Sim Ayra, já podemos ir.
- Pegou roupas pra você?
- Sim, está tudo no porta-malas.
- Ótimo quanto antes sairmos melhor, chegaremos cedo as montanhas. – O mordomo e o menino foram pro carro enquanto Ayra checava todas as portas e janelas e ativava os alarmes. – Agora sim, tudo pronto. – Entrou no carro e dirigiu por quase uma hora já que seu irmão achava que ela era uma simples presidente de banco, logo não corria tanto dirigindo.
Chegaram à casa ao cair da noite e o mordomo foi tirando todas as malas do carro; Eron foi direto pra sala de jogos que sua irmã havia mandado fazer pra ele e a dona da casa foi pro escritório como costumava fazer.
Ficou tanto tempo trancada lá que não viu o tempo passar, só notou as horas quando o mordomo entrou para chamá-la para o jantar. Levantou-se e seguiu pra sala de jantar.
Sentou à mesa e comeu na companhia do irmão e do mordomo. O jantar foi tranquilo, comeram bolinho de arroz com shoyo e sushi. Ao terminarem a janta cada um voltou a seus afazeres.
Eron foi levado ao quarto pelo mordomo, e Ayra voltou ao escritório. Jogou o celular sobre a mesa e deixou seu corpo pesar sobre a grande poltrona que havia no cômodo. Já estava cochilando quando seu celular começou a tocar.
- Droga quem tá me ligando a essa hora? – Levantou e foi se arrastando até o pequeno aparelho que repousava sobre o imóvel de madeira maciça, olhou pro visor e não reconheceu o número.
- Alô.
- Killer?
- Sim.
- Seu próximo trabalho é o seguinte: Você irá a um jantar a sós com o futuro defunto. Suas roupas chegarão amanhã pela manhã e dessa vez você não poderá falhar, pois se ele sobreviver sua identidade será revelada.
A ligação foi finalizada e a morena apoiou-se na mesa afinal, estava atônita. Nunca tinha realizado um trabalho dessa forma, ela nunca teve que ir ao encontro de seu alvo.
Ficou pensando por mais alguns instantes e dirigiu-se ao quarto do mordomo, Parou em frente ao cômodo que ficava ao fim de um corredor bem iluminado e bateu suavemente a porta do senhor.
- Giulius... – A porta foi aberta segundos depois.
- Algum problema senhora?
- Não. É só mais um trabalho.
- Hoje?
- Não, é amanhã, mas tenho que partir hoje. Esse trabalho está sendo um tanto estranho pra mim então você ficará aqui com o Eron. Eu quero evitar qualquer imprevisto.
- Mas senhora...
- Você tem razão, alguém pode ter nos vigiado até aqui. Vocês vão pra Tóquio.
- Tóquio?
- É. O helicóptero está no terraço e você sabe pilotar muito bem, afinal foi você quem me ensinou.
- Certo, mas que lugar em Tóquio?
- Vá pra um hotel que tenha salão de jogos.
- Por quê?
- Eron vai precisar se distrair até a minha volta. Diga a ele que um cliente precisou de mim no banco e por isso não me despedi dele.
- Sim senhora.
O mordomo vestiu-se e colocou o garoto no helicóptero ainda dormindo, decolaram e assim que ganharam altitude a bela jovem entrou no carro e dirigiu em direção a cidade.
Chegou à casa ao fim da noite, estacionou o carro e entrou. Jogou-se no sofá e adormeceu. Quando despertou o sol já havia nascido, levantou pensando que deveria ter dormido em sua cama.
Subiu as escadas num passo tranquilo, ao chegar ao topo lembrou que tinha que verificar a porta, desceu novamente e caminhou calmamente até a porta. Destrancou-a e viu no chão da varanda uma caixa grande envolta num papel colorido, como de presente de criança.
Pegou o embrulho e entrou. Subiu até seu quarto e colocou a caixa sobre a cama, resolveu tomar um banho antes de olhar o que havia no pacote; entrou no banheiro e despiu-se vagarosamente, depois de nua parou olhou-se no espelho.
- Talvez devesse arrumar um namorado... Tenho vinte e três anos e nada de relacionamentos até hoje... – Pensava consigo quando se lembrou que tinha muito trabalho a fazer. Afinal, assassinos profissionais não só matam como também planejam minuciosamente cada detalhe de seu trabalho. Balançou a cabeça como que para espantar os pensamentos e entrou no Box.
Ligou o chuveiro e deixou que a água fria a despertasse de seu estado ainda sonolento; lavou os cabelos e demorou um bom tempo apenas observando o trajeto que a água fazia do seu corpo até o chão.
Desligou a transmissão e vestiu-se num roupão atoalhado de cor vinho; tirou o excesso de água dos cabelos numa toalha da mesma cor, enrolou-a nos cabelos e foi olhar o pacote que repousava sobre sua cama.
Abriu-o com certa empolgação e quando terminou de abrir ficou um tanto chocada com as roupas. Um vestido longo extremamente provocante com corte enviesado e de costa nua; o decote era um tanto cavado o que realçava os seios dela; ele era justo até a cintura onde abria um corte a partir da coxa até a barra. Só pra deixar claro, o corte era apenas do lado esquerdo do vestido.
Seu primeiro impulso foi colocar o vestido sobre seu corpo olhando como ele ficaria nela.
- Que porra é essa?! – Olhava-se em um dos espelhos do quarto. – Não tinha nada menos chamativo? Eu sou uma assassina e não uma dama da alta sociedade!
Colocou o vestido sobre a cama pensando em como esconderia uma arma com aquele vestido tão... Sedutor, provocante e até... Perigoso. Voltou a mexer dentro da caixa onde encontrou um par de sapatos de cor prata e com saltos altíssimos e extremamente finos.
- Ah, isso deve ser a arma. – Riu achando-se tola pela piadinha infame que fizera. Não sei se isso já foi observado, mas a killer aí não é muito de gracinhas... – Eu ainda mato esses malucos que me mandam essas porras.
Olhou o número do sapato pra ter algum pretexto para não usá-lo, porém assim como o vestido, o sapato era feito exatamente com suas medidas. Nada a mais nem a menos. Suspirou desapontada e sentou-se a beira da cama quando notou que havia mais coisas na caixa.
Um envelope preto. Pegou-o e o abriu instantaneamente. Nele encontravam-se algumas instruções.
“Killer, esse trabalho é um tanto delicado. Seu jantar é com o chefe da máfia japonesa e não será fácil enganá-lo.
Escolhi você pra isso, pois sei que você dará seu jeito, creio eu que as roupas darão perfeitamente em você. Aí dentro da caixa tem um silenciador, mas acho que você já tem um, logo esse será um presentinho pra você além do seu pagamento.
 E eu sei que você não falhará na missão, porque só pra deixar claro, esse homem que você matará chama-se Tashiro Aoiki. Acho que esse nome lhe soa familiar, não?
Bom trabalho.
Ps.: Seu pagamento será colocado na sua porta dois dias após o serviço feito.“
Deixou a carta cair no chão juntamente com o envelope. Uma lágrima caiu de seus orbes acinzentados.
- Tashiro Aoiki... – As lágrimas cessaram e um olhar furioso, que perdão em interromper a história, juro que daria medo nesse Aoiki. Ayra levantou-se e saiu do quarto com um ar determinado e raivoso, rancoroso, furioso.
Entrou no escritório e digitou uma senha em seu cofre revelando assim um arsenal poderoso de armas. Olhou pra tudo com muito interesse, escolheu uma arma pequena, uma que caberia perfeitamente numa cinta que colocaria em sua perna direita.
Preparou o armamento e pegou um vidrinho transparente com um líquido de cor vinho dentro. Olhou-o pensando.
- Poderia matá-lo do mesmo modo que... – Agitou o líquido dentro do recipiente e sorriu, de uma forma maligna eu diria. – Exatamente. Nada de armas, será cianureto. Levarei minha arma apenas para caso emergencial.
Pegou a arma, o silenciador e o cianureto. Voltou a seu quarto com expressão um tanto radiante pra quem iria cometer um homicídio doloso. Sim, ela agora tinha toda intenção de matá-lo. Pegou o secador e enquanto secava os cabelos devidamente, decidiu que essa noite seria uma sedutora fatal.
As horas correram e então a assassina começou a vestir-se; colocou peças íntimas provocantes, sim ela não iria fazer nada demais, mas achou que como o vestido era provocante, logo as roupas íntimas também deveria ser.
Vestiu uma cinta-liga pra não ficar tão evidente que levava armas; ao fim da superprodução olhou-se no espelho e parecia outra mulher. Um mulherão por sinal. Uma morena estonteante de curvas perigosas, mas não tão chamativas, as tais curvas estavam escondidas sob um vestido de seda pura de cor vermelho sangue.
Combinavam com seus lábios que eram da mesma cor, portanto fica evidente que Ayra não colocou nenhuma espécie de batom nos lábios; suas pernas bem delineadas ficaram um tanto a mostra por conta do corte no vestido, seus cabelos perfeitamente penteados, tinham agora ondas perfeitas. E quem imaginava que uma assassina com aquele perfil sabia se arrumar tão bem.
Os sapatos lhe caíram muito bem, sua maquiagem era simples e bonita, afinal pra que maquiagem com um rosto daqueles. Qualquer homem normal e em sã consciência a olharia bastante e certamente sentiria vontade de tê-las nos braços.
 Creio eu que ela não deixaria tal coisa acontecer... Acho que ela mataria o ‘pretendente’ antes mesmo do primeiro beijo, mas enfim, vamos voltar ao jantar. A morena desceu as escadas e foi até o bar da casa; tomou uma dose de vodka, checou se a casa estava bem fechada, pegou as chaves do Porsh e saiu.
Dirigiu em alta velocidade até chegar ao hotel marcado, estacionou em alta classe e ao descer estava ainda mais provocante. Entrou sem olhar pros lados e foi até o restaurante, estava decidida a seduzir e matar.
O chefe da máfia estava a sua espera e sorria pra ela. Sim, sua vontade foi de sacar a arma no mesmo instante e de matá-lo, mas não o fez. Apenas sorriu de volta e aproximou-se.
- Então você é a acompanhante que solicitei. – O homem distinto e de terno fino, sorria cumprimentando a moça.
- Sim, sou eu. – Sorriu sinicamente e cumprimentou-o. Tentou parecer sexy e acho que funcionou, pois o homem abriu mais o sorriso.
Não vou mentir. O tal chefe era um homem bonito, por mais miserável e desprezível que pudesse ser para Ayra; ele já tinha certa idade, mas o tempo fora generoso com o mesmo, pois preservara um sorriso encantador e sedutor.
Os cabelos grisalhos davam um ar de Richard Gere (?), então por aí se vê que ele não era nenhum ogro. Não visivelmente.
- Venha... Posso saber seu nome? – O chefe mafioso perguntou-a e instantaneamente ela pensou em inventar um nome, mas decidiu dizer realmente o seu.
- Claro. - sorriu – Meu nome é Ayra.
- Ayra... Belo nome. Venha e sente-se. Jantaremos sozinhos, sem a presença de nenhum funcionário meu, e nem de câmeras, quero que fique a vontade e tranqüila. – Ele voltou a sorrir e puxou a cadeira para que a moça sentasse.
Sem esperar muito, a assassina sentou-se e esperou que ele fizesse o mesmo; assim que o homem de idade avançada sentou-se ela começou a puxar assunto.
- E então, sente-se muito sozinho?
- Por quê? Por eu ter te chamado essa noite?
- Uhum...
- Às vezes me sinto realmente sozinho, mas nada que uma “acompanhante” – ele fez o gesto das aspas com as mãos. – não resolva.
- Entendo. – Ayra estava gastando os sorrisos que não tinha e alguém teria de pagar por aqueles sorrisos falsos e eu agradeci por não ter sido eu o escolhido.
- Vamos comer. - Pediram a comida e a morena optou por salada apenas.
Aquilo foi apenas pra prevenir de que não seria envenenada durante o jantar, afinal aquele homem... Enfim, ele não era boa pessoa. Comeram e ao terminar o jantar o anfitrião da noite convidou-a para subir.
A bela assassina pediu que ele levasse vinho para ambos, tinto de preferência.  Ele atendeu seu pedido e então foram pro quarto com uma garrafa de vinho em mãos e duas taças.
Continua(?) ...