Dirigia pela estrada algumas horas antes do pôr-do-Sol quando senti o carro trepidar pela estrada, encostei e desci para então perceber que o pneu havia furado. Olhei a minha volta e me percebi sozinha. Ninguém. Entrei no carro e peguei o celular, estava sem sinal. Recostei a cabeça no banco tomando coragem para trocar o pneu e instantes após recostar a vi se aproximar na velocidade da brisa fresca que soprava contra o vidro do meu para-brisas. Ela veio sorrindo. Nada me disse, mas eu já sabia tudo. Saí do carro e segurei suas mãos, tão fortes e ainda assim delicadas. Ela era como a jabuticaba mais vistosa da árvore. Tinha cabelos que mais lhe coroavam que adornavam ao alto da cabeça e com todas as formas confusas, mas tão verdadeiras que não saberia descrever. Envolveu-me numa dança que só havia música aos nossos ouvidos. Dançamos e de duas formamos uma. E a dança que pareceu durar a eternidade, de repente cessou. Ela beijou-me e partiu. Partiu tão suave quanto veio e eu fiquei ali, sem saber se era verdade ou não, mas certa de que passaria ali todos os dias na espera de vê-la outra vez.
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Estava eu fazendo minhas leituras diárias e checando os links do Transcendental, quando me deparei com a matéria sobre a repercussão que uma cena de beijo grego foi ao ar numa série americana chamada 'Girls'. Segundo o texto, muitas pessoas comentaram que se sentiram desconfortáveis e mimimi com a cena, o que me levou a pensar na quantidade de pornografia que é vista diariamente por essas pessoas que deveriam receber o título de "vigilantes da foda alheia". Gente, qual o problema com o sexo como ele é? Pra quê tanta convencionalidade com uma coisa que você provavelmente adora fazer, mas vive se reprimindo ou sendo reprimido? Se as pessoas que fazem tabu do sexo deixassem de vigiar as vida sexual alheia pra discutir putaria com seus parceiros, pra inovar com seus parceiros, o mundo seria mais feliz. Esses sim são os verdadeiros mal comidos. Dizem que nós feministas é que o somos, mas na verdade, transamos bem, obrigada.
Não vejo necessidade de ver pessoas se agarrando em público, óbvio, mas também não vejo motivo de censurar o sexo como ele é quando exibido em séries/filmes e afins. A industria pornográfica já vende tanta mentira, tanta farsa quanto ao sexo que parece que as pessoas esqueceram de fazer sexo mesmo. Os caras passam o dia tocando umazinha, mas na hora de saber fazer a parceira sentir prazer de verdade, dão pra trás. E quando veem uma cena dessas na TV criticam de forma negativa. Isso me soa como inveja. Nos caras, essa inveja deve ser porque o cara da cena tá deixando a parceira dele realmente louca de tesão; já nas mulheres, a inveja é da mulher que tá tendo uma transa de verdade onde o parceiro não sofre de pintocentrismo e assim, dá prazer de verdade a ela.
Então, vocês aí do mimimi pela transa alheia, vê se vai ver do que teu parceiro sexual gosta, do que leva a tua parceira a loucura e para de querer causar com cenas tão banais como são as de sexo. Vão buscar coisas que vos excitem, músicas que despertem vossas imaginações, joguinhos que apimentem a coisa toda. Por um mundo com mais sexo e menos mimimi.
Esse post é um misto de desabafo com agradecimento. É um desabafo porque pra agradecer, preciso dizer o por que, e aí entra o desabafo. Sei que com isso, me exponho, mas faz-se necessário e me exponho porque muitas das coisas do desabafo já não me incomodam mais.
Comecei a me sentir uma aberração quando eu tinha sete anos e passei pra alfabetização. Antes disso eu era bem feliz e leve. Eu corria sem blusa, meus cachos ficavam soltos quando eu queria, ninguém me dizia que tinha coisa de menino e menina. Eu era criança. Aí veio a série de aprender a ler e eu achei que seria o máximo. Mas não foi tão legal assim. Eu não tinha amigos. As meninas me sacaneavam porque eu não era feminina, os meninos me sacaneavam porque eu não era feminina. Eu nem sabia o que significava, mas era sapatão. E eu pensava, meu pé é grande, mas e por que isso me desqualifica? Eu tinha boas notas, fazia todas as atividades, não tive dificuldade em aprender a ler, amava escrever, mas ainda assim não era capacitada pra ter amigos. Eu era estranha. Nas séries seguintes não foi diferente, quando eu acertava uma pergunta, os meninos gritavam "perfect!" e não era um elogio, era uma forma de reafirmar pra turma que eu não era legal, porque ao ouvirem isso, muitas piadas surgiam então eu sabia que não me achavam legal por saber responder.
E com esses anos passando, eu não desenvolvi o menor interesse em meninos, meninas ou roupas fofinhas e "de menina". Eu gostava de brincar com meus brinquedos, de desenhar, escrever, de fazer coleções de livros, massa de modelar, casacos, cd's. Eu gostava de apostar corrida de bicicleta e de jogar vídeo game. E eu cresci, e eu continuei assim, sendo dese jeito. Ora me sentia menino, ora me sentia menina, e achava estranho, e tinha vergonha de compartilhar. Os abusos sexuais que sofri só me fecharam mais e me deixaram ainda mais transitória entre esses gêneros. Não queria roupas muito femininas, nem nada muito masculino. Se fosse básico eu usava. Assim eu cheguei no fundamental II e percebi que ser assim não era permitido, então eu arrumava o cabelo, porque assim eu parecia uma menina e as pessoas me importunavam menos. Mas não foi o suficiente, porque alguém disse eu realmente não sei quem, que o fundamental II é a época em que as pessoas tem que ficar com outras pessoas - mas só do sexo oposto.
Vi dois colegas gays ficarem com garotas pra não sofrerem zoação, vi que os meninos continuavam me achando estranha e as meninas me cobravam alguma postura perante os meninos. Fingi paixonites. Disse que tinha me apaixonada, mas que havia passado, assim, ninguém me perturbava. Houve um tempo em que realmente me apaixonei, mas foi por uma colega do judô, bem mais velha que eu. Aquela velha história da pessoa X que se apaixona por seu vizinho Y e que eles têm alguma atividade em comum, mas esse um nunca consegue nada e nem se declara, e foi oque rolou.
Eu continuei me desenvolvendo e me percebendo diferente e sendo diminuída por isso. Me sinto um nada na faculdade, em casa... Não sou vaidosa da forma certa, não valorizo "a minha beleza", não uso roupas que mostrem que sou mulher... As pessoas querem coisas binárias e não alguém como eu. Mas aí entra a parte em que agradeço.
agradeço por ter conhecido a minha namorada que me ama da forma como sou e nunca exige essas coisas que não sei ser de mim. E agradeço a um grupo que criei pra discussão e que me mostrou tanta coisa. Foi graças a ele que aprendi não faz muito tempo que sou do grupo de "gênero fluido", e que isso não faz de mim uma aberração. Tenho aprendido muito com pessoas que nunca imaginei aprender. E assim, eu me amo um pouquinho, já que fui ensinada a não gostar de nada no meu corpo, porque ele é estranho e feio. Aprendi a me amar mais um pouquinho por não ser binária e isso não me torna o monstro do lago Ness. Então, muito obrigada pessoinhas lindas do Transcendental.
Eu sempre gostei de andar de ônibus. Na verdade, não só de ônibus, mas de carro, de bicicleta, caminhar. Cada uma dessas coisas me traz uma magia diferente. Quando eu caminho, eu respiro, suo pra liberar as coisas ruins, penso na vida e esqueço de muitas coisas, além de lembrar de muitas outras. Andando de carro, eu vejo as paisagens correndo, e me sinto isolada dela, é estranho, mas muitas vezes é reconfortante. Ver tudo e não se sentir parte de nada. No ônibus eu me sinto expectadora de cada pedaço do que vejo e é tão fascinante. As cores, os lugares, as pessoas, as conversas, os risos, as músicas, as sensações de cada local diferente, as formas que as pessoas assumem quando não estão em seus trabalhos e apenas tomam uma cerveja gelada ao fim do expediente... Tudo isso é tão vivo e rico de detalhes que a vontade que me perpassa é de escrever sobre cada um e todos ao mesmo tempo. É descrever os personagens que eles são nas histórias que vão se formando ao vê-los sendo eles mesmos. E eu tenho lido bastante, no momento, leio J. K. Rowling em Morte Súbita. A forma como ela descreve cada lugar é tão palpável que parece que conheço cada um deles a décadas, e ainda assim é absurdamente novo e é como se eu os tivesse conhecendo naquele exato momento. E toda essa leitura só fomenta todos esses devaneios que eu tenho diariamente nos ônibus da vida. Quando eu ando de bicicleta não tenho essas viagens loucas porque eu me sinto tão livre e "cachorro passeando de carro" que não consigo criar meus personagens loucos nas minhas histórias onde tudo é possível e tal.
Bem, é isso que eu devaneei nos caminhos que o ônibus me leva. See ya!
Ou ausência dela
Ia escrever um post sobre o quão infantil algumas pessoas insistem em ser, então eu vi um vídeo do Rafinha Bastos bancando a vítima de pregar a baboseira dele, e pensei em escrever sobre isso, mas então percebi que daria na mesma publicação, uma vez que ambas as coisas tratam-se infantilidade.
Crescemos nos misturando a grupos de amigos que vez ou outra levamos para nossa vida adulta, e como curso normal das coisas, acreditamos que todos amadurecem, que continuam divertidos como eram, mas com maturidade nas horas necessárias. E a frustração vem quando você percebe que essas pessoas não amadureceram.De certo modo, isso causa irritação, já que essas pessoas tem valor emocional pra você, e a irritação aumenta quando você se dirige a essas pessoas e fala que elas precisam crescer porque o ensino médio já acabou e que agora é hora de ser gente grande, mas elas simplesmente preferem se manter crianças dependentes de alguém mais velho, maior. Tem também as pessoas que estão acostumadas a todos a volta dizerem amém a suas birras e comandos. A ser sempre a temida e obedecida, mas um dia isso sai de foco, e as pessoas resolvem obedecer a outros, e e esses outros não massageiam o ego do que gostava de mandar e ser obedecido, então intrigas são criadas e uma bola de neve vai crescendo. O mesmo ocorre com o pessoal que fica chorando as mágoas por não poder ficar falando o que acham que é opinião deles, mas na verdade é reprodução de babaquice e afins. então fica sempre a pergunta no ar: Qual a dificuldade em crescer dessas pessoas?? Por que essa vontade de fazer merda sabendo que é merda e que vai se transformar numa merda ainda maior?! Tenho sempre esses questionamentos quando me deparo com esse tipo de situação porque sempre me vem a mente o fato de que o nosso curso normal é o aprendizado, e vemos tantas pessoas posando de intelectuais, nomes grandes e de grande visibilidade midiática tecendo comentários tão arcaicos, pré-históricos e preconceituosos que fico realmente intrigada sobre esse tal caminho de evolução humana. Bom, era esse o desabafo da vez.
Após uma enorme maré de textos e publicações, entrei em hiatos. Mas tem explicação, Yoshi? Tem sim, moçxs. A pessoa que vos fala está com a faculdade muito acima do nível do mar, ou seja, estou encoberta e redes sociais se tornaram algo que eu já ouvi falar em alum momento da minha vida. Nem sei mais o layout do Twitter, meu wpp é algo que tento manter pra não estar em uma ilha, e meu blog, coitado, entrou em decadência. Chorável a minha realidade. Aí juntam problemas pessoais e afins e resulta em meu sumiço.
Mas eu estou aqui agora *-* E o meu cabelo que eu disse que falaria sobre, está cada dia mais bonito *u* Continua curtinho, mas tá todo cacheadinho e o que tenho percebido é que meus cachos da época de criança estão voltando, o que significa que meu cabelo tá realmente desintoxicado da chapinha e do secador! \o/
Enfim, era isso, obrigada pela atenção xD
Amor e sorte tem tudo a ver. Engana-se quem diz que não, pois, na verdade, quem tem um, não pode/deve ter o outro. Vivemos querendo o amor e a sorte sem saber que ambos temos a todo o tempo. Quem tem amor tem sorte em ter aquele sentimento consigo. Principalmente quando ele vem de forma tão grande que você transborda e ama a outras pessoas. E sou agraciada dessa sorte. A sorte de amar. Eu não tenho sorte em concursos, sorteios e afins, mas em amar, nisso eu sou muitíssimo agraciada.
Pra mim, o amor é tão grande gracioso que podemos passar vidas e mais vidas falando sobre ele e nem metade descreveremos. Em alguns casos, podemos usar de ilustrações e metáforas para descrevê-lo. Tem amor de mãe, amor de irmão, de amigo, de bichinho. Hoje eu nomearei um amor que quero levar por toda vida. Milena. A minha menina, a minha princesa. Ela leva um nome de amor bem grande e gordo, bem colorido e vivo. Ela é a minha sorte, a minha melhor amiga, a minha namorada. Pois é, a sorte também pode ter nome. Isso fez sentido pra você? Não? Ah, tudo bem! Acho que ela vai entender! Até a próxima, pessoal!
Tudo de bom que você me fizer, faz minha rima ficar mais rara. O que você faz me ajuda a cantar, põe um sorriso na minha cara. Meu amor, você me dá sorte. Meu amor! Você me dá sorte, meu amor! Você me dá sorte na vida! Quando te vejo não saio do tom, mas meu desejo já se repara. Me dá um beijo com tudo de bom e acende a noite na Guanabara(...)
Namoro uma menina que é linda. E é linda mesmo quando as pessoas olham pra mim, longe da presença dela e me perguntam? O que tu vê nela? acho engraçado me perguntarem isso, porque na minha cabeça de gente apaixonada, é tolice não verem como ela é linda. Na minha parte mais racional, acho plausível que não saibam, pois não a conhecem, mas eu que conheço posso dizer com domínio de causa que ela uma moça MUITO linda e que me faz imensamente feliz.
Ela é linda com todos os defeitos que apontam nela, que ela aponta e que até e vejo. Ela é linda mesmo brava e se soubesse como fico feito louca quando brigamos, a gente nunca brigaria. a cada vez que a gente briga, eu acho que ela nunca mais vai falar comigo e que não vai mais querer me ver. que louco, né?
Tô nem aí pra você que acha que ela não é tudo isso, porque pra mim ela é mais que isso, mais que muita coisa. E se eu amo doce, à ela amo infinitamente mais.Viveria num mundo salgado por ela, se fosse preciso.
E eu sinceramente nem sei o motivo de ter começado a escrever tudo isso, mas sei que passei mesmo que rápido pra poder ressaltar o quão linda ela é e que eu a amo pra caramba!
Esse post aqui é sobre mim e minha "evolução" em tantos termos que tenho medo dessa publicação ficar realmente longa, mas vai ser necessário.
Eu cresci me sentindo diferente das outras meninas e meninos e por isso, me sentia solitária. Eu não era feminina, mas também não era masculina, só que pras pessoas a minha volta isso era confuso, porque uma menina tem que ser feminina, menininha e de preferência, gostar de rosa e de Barbie. Mas eu não era assim. Eu amava ter minhas bonecas - que não eram Barbie, porque eu nunca quis -, mas eu também amava sair com os moleques da rua e brincar de bicicleta, jogar vídeo game; eu amava ficar sozinha e escrever minhas histórias, desenhar os personagens, ouvir música, ver filme, fingir ser dona de restaurantes, escolas e afins, e nisso tudo, eu não me via nem menino e nem menina, me via eu. Ana. E eu queria mais do que tudo que as pessoas percebessem isso e me deixassem ser eu. Eu queria continuar andando sem camisa e com os joelhos ralados, mas me diziam que eu tinha que cobrir os seios, mas que seios? E meu cabelo? Esse tinha que estar devidamente penteado, o volume tinha que estar domado, e a medida que fui crescendo ele foi aquecido e alisado. Tinha que manter os cabelos escovados. Não pode não ter "vaidade", tem que estar sempre com roupas de mocinha, cabelo arrumado, e esses mimimi's todos que nos impõem desde tão cedo que raras vezes nos desviamos disso com maestria e rapidez.
Essas amarras nos deixam pior e menor a cada dia, e comigo não foi diferente. Não culpo meus pais por terem sido criados nesse ritmo de mulher feminina e homem masculino - o Brasil tende a ser binário mesmo -. Com isso, eu me senti sempre menor que as outras garotas. Não me senti nunca uma das garotas bonitas, nem a que tem jeitos e modos delicados, nem a que mamãe e papai pediram a Deus, tamanha feminilidade. De acordo com os padrões hétero-normativos, machistas, eu tenho pés grandes, sem cava, feios; mãos grandes, dedos longos, mãos feias; sem seios grandes, sem bunda grande, sem cabelos longos, estranha, no máximo, bonitinha. Já cansei de passar por racismo disfarçado de sorrisos gentis. A "moreninha", "mulatinha", nunca a negra, a preta, que é o que eu sou. E então eu fui saturando, cansando de ser tudo o que queriam e comecei a me trabalhar pra ser o que eu quero ser, o que eu sou.
Em 2009 comecei a ter interesse por garotas também. Foi terrível pra mim, me senti tão confusa, mas tão bem também. Eu estava me conhecendo, mas não tinha com quem falar, fiz amigos, mas sempre tive problemas sérios em me abrir, e então engoli muito de mim por mais tempo. Em 2010 contei pra meus pais, foi um inferno. Pensei em me matar, e até tentei, confesso. Eu também parei de comer toda e qualquer coisa que apresentasse uma taxa de coisa saudável, de estômago vazio, me entupia de café e doces. Mas aí, eu encontrei uma amiga em um milhão, que me deu a mão de um modo tão grande, e que nem sabe que fez tanto, mas me livrou de tirar a vida, de ir desistindo dela aos poucos. Eu agradeço MUITO a ela por ter colado em mim, por ter sido a primeira pessoa que falou comigo quando entrei pro colégio, a que brincava comigo, que era o meu caso, a ela sou imensamente grata.
Essas amarras nos deixam pior e menor a cada dia, e comigo não foi diferente. Não culpo meus pais por terem sido criados nesse ritmo de mulher feminina e homem masculino - o Brasil tende a ser binário mesmo -. Com isso, eu me senti sempre menor que as outras garotas. Não me senti nunca uma das garotas bonitas, nem a que tem jeitos e modos delicados, nem a que mamãe e papai pediram a Deus, tamanha feminilidade. De acordo com os padrões hétero-normativos, machistas, eu tenho pés grandes, sem cava, feios; mãos grandes, dedos longos, mãos feias; sem seios grandes, sem bunda grande, sem cabelos longos, estranha, no máximo, bonitinha. Já cansei de passar por racismo disfarçado de sorrisos gentis. A "moreninha", "mulatinha", nunca a negra, a preta, que é o que eu sou. E então eu fui saturando, cansando de ser tudo o que queriam e comecei a me trabalhar pra ser o que eu quero ser, o que eu sou.
Em 2009 comecei a ter interesse por garotas também. Foi terrível pra mim, me senti tão confusa, mas tão bem também. Eu estava me conhecendo, mas não tinha com quem falar, fiz amigos, mas sempre tive problemas sérios em me abrir, e então engoli muito de mim por mais tempo. Em 2010 contei pra meus pais, foi um inferno. Pensei em me matar, e até tentei, confesso. Eu também parei de comer toda e qualquer coisa que apresentasse uma taxa de coisa saudável, de estômago vazio, me entupia de café e doces. Mas aí, eu encontrei uma amiga em um milhão, que me deu a mão de um modo tão grande, e que nem sabe que fez tanto, mas me livrou de tirar a vida, de ir desistindo dela aos poucos. Eu agradeço MUITO a ela por ter colado em mim, por ter sido a primeira pessoa que falou comigo quando entrei pro colégio, a que brincava comigo, que era o meu caso, a ela sou imensamente grata.
Então, resolvi viver e enfrentar todas as coisas que viessem em frente, eu encontrei mais amigos, e então me aceitei como eu era, como eu sou. Ainda não tinha me livrado da ditadura que era ter os cabelos escovados todo o tempo e eu achava aquilo normal, legal, o certo a se fazer, afinal, o meu cabelo não era "bom", era misto, era volumoso e isso não era das normas, não era bonito. Cresci mais, estudei mais e o gosto por escovar o cabelo e fazer chapinha só diminuiu. Deixei cachear, voltei pra chapinha, fiquei com ela por mais tempo do que queria, deveria, e só a poucos meses atrás, depois de ler, ver, perceber e entender que eu sou bonita da forma que eu me sinto bem, que eu sou linda sim, sem precisar da aprovação de homem ou mulher alguma. Que cada beleza tem sua particularidade e que esses moldes criados não me serviam a tanto tempo, que eu sentia dores por usar coisas que não me serviam, como um sapato menor que o teu pé, mas que tu insiste em usar, sabe? E esse sapato sempre fora menor que meu pé grande, número 39. Descalcei o sapato e calcei sandálias, tênis e tudo o mais que me cabia, estudei feminismo e me vi nele, me vi representada, então ergui minha bandeira de mulher, bissexual e não binária. Nem feminina e nem masculina. Eu. Ana. Yoshi. A senhora de mim e das minhas vontades. Deixei os cabelos livres, parei de esquentá-los, porque eles são lindos da forma natural que nasceram pra ser. Cortei eles bem curtinhos e tô me sentindo mais mulher que muita modelo. Não esperem a vaidade extrema normativa vindo de mim, não. Esperem eu sendo mais eu, eu sendo mais decidida, mais firme, mais bonita por fora por me sentir estupidamente eu por dentro e em cada poro possível.
Se eu soubesse que cortar meus cabelos e me libertar me traria tanta liberdade em tantos termos, eu teria feito tudo isso antes e deixo claro que faria infinitas vezes se necessário, porque ser eu é uma delícia e espero que você que está lendo, perceba que ser você também é uma delícia. Eu tenho aprendido o prazer e a dor de ser eu, de ser mulher e preta, e isso me faz mais forte. Muda o que te incomoda, seja o que é e tu vai ver a vida bem diferente.
Se eu soubesse que cortar meus cabelos e me libertar me traria tanta liberdade em tantos termos, eu teria feito tudo isso antes e deixo claro que faria infinitas vezes se necessário, porque ser eu é uma delícia e espero que você que está lendo, perceba que ser você também é uma delícia. Eu tenho aprendido o prazer e a dor de ser eu, de ser mulher e preta, e isso me faz mais forte. Muda o que te incomoda, seja o que é e tu vai ver a vida bem diferente.
Ps.: O texto tá longo e nem sei se tudo faz sentido, mas okay, depois eu corrijo tudo isso aqui. Obrigada por ler, se é que alguém leu xD
Eu passei muito tempo sem conseguir expor nada, mesmo que estivesse morta de vontade de transbordar. Hoje, no entanto, me veio a vontade de escrever alguma coisa, qualquer coisa, sei lá. Eu vim aqui pra dizer (mais uma vez) que eu te amo e que você tem se tornado cada vez mais importante em minha vida. Eu agradeço todos os dias por ter alguém como você em minha vida. Você me faz bem, me faz feliz, me dá amor e me faz perceber o quão bom é partilhar a vida.
Eu percebi com os tombos que levamos, que a gente pode escolher com mais certeza com quem queremos ficar depois de enfrentar obstáculos demorados ou não. Nós amamos, sim, mas podemos escolher se ficaremos com tal pessoa ou não. E o melhor de amar alguém, é saber de cada defeito daquela pessoa, saber cada ponto fraco e ainda assim, optar pelas qualidades e pontos fortes. E eu vi você nisso. Tantas qualidades que os defeitos vêm de vez em quando, mas logo os mando embora por saber que a parte das qualidades é imensamente maior. Se alguém hoje me perguntasse a razão pela qual eu escolhi ficar com você, eu não conseguiria fazer uma dissertação sobre, mas em breves e sinceras palavras diria que o amor nos dá coisas que achamos não merecer, não poder, não conseguir.
Estamos numa fase nova, em que estamos mais maduras, certamente, e mesmo que a tal maturidade venha em apenas 2 anos, e anos que parecem 10, 50... Tamanha cumplicidade, companheirismo, lealdade... Eu realmente não sei o que dizer pra descrever o quanto tu é importante pra mim, mas eu sei que nosso recente amor fez uma música que diz. Então, eu deixo na mão do Onze:20.
Cá estou eu morta de vontade de escrever, mas a minha parte falante que me faz transbordar ao papel, calou-se faz tempo e agora nem ao menos posto o progresso dos meus cachos de que falei. Peço desculpas a quem lê. Eu volto qualquer dia desses com histórias, textos e afins. Tenho bastante coisa a escrever, só não tenho tido tempo, paciência e mimimi. Enfim, até a vista.
Planos para o recesso: maculados com a greve.
"... E o motivo que outrora era só felicidade a levava agora longe longe longe. Tão longe que não mais podia vê-la ao longo da estrada. Sabia apenas que aquela que fora, havia prometido ficar. Saudade."
- Devaneios do Sono Meu
E eu a amo. Sem tantos rodeios, vírgulas ou outras sentenças. Sem ter que explicar motivos ou até mesmo criar algum para satisfazer curiosidade alheia. Apenas amo-a. Mas não apenas de pouco, pois o amor é muito. Apenas de ser amor simples e forte. Apenas por não ter necessidade que o mundo saiba do amor, apenas ela. Eu a amo.
"Foi assim que aprendi
A ser tua menina...
Prá você falo tudo
No fim de cada noite
Te exponho o meu dia(...)
Porque quando me abraças
Nada disso me importa
Coração abre a porta"
"Você me vira a cabeça"
Eu não queria ser assim. Eu queria ser mais compreensível e ter o sangue menos fervente, quem sabe negar as raízes de onde venho. Raiz de mulher que toma a frente e resolve tudo mesmo com o sangue fervendo. Sempre fui tão paciente por fora, por dentro bem menos, muito menos, e então eu implodia sempre. Implodia e implodo por ter consciência que explodir não dá certo. Mas de tanto implodir, eu explodi. Explodi por cansaço de engolir cada sapo, cada pedra, cada amargor, e mesmo que eu saiba como é ruim explodir, eu quis explodir. E o fiz. Foi bom. Não me melhorou em nada, não deixou meu espírito em paz, mas mostrou o porque de eu implodir durante tanto tempo. Eu sempre soube que não tinha em mim a calma que tanto apontavam. Não quando a coisa é visceral, mas eu tenho aprendido com a dor e a confusão. Tenho caminhado mesmo na dúvida e ouvido os bons e os maus, e só vendo depois. Tenho estado em modo automático e apenas levado os baques, sentindo-os e depois seguindo. Como em ventania que a gente sente o vento e depois deixa ele passar despercebido. Resolvi então ter postura nova e analisar que sabor o vento tem quando passa. Que cor ele tem e que experiencia ele deixa ao passar. Quero tirar aprendizado disso tudo e não só levar mais um peso, mais uma lágrima, mais uma vez o sangue que ferveu. Difícil fazer isso? Demais, mas é o mais sensato. eu finjo não me importar, eu digo não me importar, mas me importo, mas sinto, mas choro escondida sem nunca lhe contar, e ninguém sonha com isso tudo.
A mesma brisa que me me bate me acaricia e as janelas que eu abri pra sentir a brisa, eu mesma que feche. Pode não ter sentido algum em todas essas palavras ditas assim, logo cedo. Mas eu sei que isso vai deixar meu dia mais leve e quem sabe as coisas com você também melhorem depois disso. Eu poderia escrever também uma carta fechada e só pra você, mas há tanta gente envolvida nisso que foi preciso vir aqui expor, mesmo que sem expor nada. Então, diante dessa exposição já feita, peço desculpas sinceras a todos os envolvidos nessa coisa toda. Não cito nem o meu nome nem o de ninguém, mas acredito que cada um de vós se identifique, caso leia essa coisa aqui.
Eu sei que nunca mudarei quem eu sou, como diria Imagine Dragons, mas eu sei que dentro da não mudança eu posso ser alguém melhor. A passos lentos e por vezes difíceis, vou seguir nessa minha jornada e mudar de dentro pra fora, trabalhar a calma e a paz que um dia foram excessivas na minha vida e dizer à você, princesa, que eu me importo hoje, me importarei amanhã e o farei por toda a eternidade quando o assunto for você, e isso independe da nossa aproximação ou grau de relacionamento. Você é minha melhor amiga e eu não me envergonho de dizer que errei e que a partir de então tentarei corrigir o que puder ser corrigido e melhorar o que eu puder. O amor pode ser cultivado a cada dia ou torturado para enfim morrer no mesmo prazo de tempo e eu escolhi cultivá-lo, com cada pró e contra que existe. então, se você acredita que ainda vale a pena estar ao lado de alguém como eu, por favor, continue, porque eu quero te fazer feliz.
"Ela, que sempre parece tão feliz no meio da multidão. Cujos olhos podem ser tão secretos e tão orgulhosos, ninguém pode vê-los quando eles choram. Ela pode ser o amor, que não pode esperar para durar, pode vir para a mim das sombras do passado. Que eu vou me lembrar até o dia que eu morrer. Ela pode ser a razão pela qual sobrevivo, o porquê e o motivo de eu estar vivo. A única que que eu vou cuidar prontamente ao longo dos anos durante as adversidades.. Eu vou pegar as risadas e as lágrimas dela e farei delas todas as minhas lembranças. Para onde ela for, eu tenho que estar, o sentido da minha vida é ela."
- Elvis Costello